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Dia Internacional da Mulher
Todo ano, no dia 8 de março, em mais de 100 países pelo mundo, a mulher torna-se foco de diversas homenagens. Vemos celebrações e referências a diferentes características atribuídas ao lugar da mulher, majoritariamente relacionadas à delicadeza, doçura e beleza. Mas será que todas nós nos identificamos com esses traços ao falar sobre ser mulher? O que esse dia simboliza? O que implica ser mulher hoje?
Ao longo da história, a mulher teve diversos direitos negados, como o direito à educação e à participação política, e a ela foi atribuído um lugar de resignação, de cuidadora e de pessoa inferior ao homem. Diante dessa realidade, por volta do final do século XIX e início do XX, foram iniciadas diversas manifestações pensadas e organizadas por mulheres que protestavam contra essa conjuntura e reivindicavam a garantia de seus direitos. Esses movimentos tornaram-se símbolo da luta por igualdade. O Dia Internacional da Mulher surge, então, em homenagem aos diferentes movimentos protagonizados por mulheres que denunciavam a opressão e a exploração vividas por elas. Muitos avanços aconteceram desde essa época, vemos cada vez mais mulheres ocupando espaços que antes lhe eram negados, mas sabemos que ainda há muito a se caminhar.
Considerando esse contexto histórico, podemos perceber que ser mulher envolve muitos desafios. Nos dias de hoje, os avanços citados anteriormente implicam em novas questões: como alinhar a vida pessoal à profissional? Como dar conta das diversas facetas que nos compõem? Como ser mãe, esposa, amiga, filha e mais mil e uma coisas sem nos apagar ou nos sobrecarregar? Da mulher continua-se esperando determinada forma de ser e agir. De nós é cobrado docilidade, tranquilidade, mansidão e uma certa perfeição que muitas vezes nos coloca em uma posição de exaustão física e emocional. Mas, afinal, que reflexões esse dia e essa contextualização podem nos trazer?
A Ciência do Comportamento defende que não há uma essência no ser humano, quem somos é fruto da nossa relação com o ambiente, o que implica dizer que não existe uma forma homogênea de ser mulher, não há uma receita ou uma regra que nos limita a um determinado ideal. Implica também em afirmar que as práticas sociais como conhecemos podem ser mudadas e que a desigualdade e dificuldades que enfrentamos hoje não precisam ser naturalizadas.
Portanto, que o dia de hoje nos reconecte com nossa história, que possamos questionar os estereótipos que nos são colocados; que possamos nos expressar da forma que nos sentimos confortáveis; que não precisemos ser “ajudadas”, mas que compartilhemos os deveres de forma igualitária; que possamos errar sem ser apontadas e julgadas; que possamos explorar nossos sonhos e desejos sem sermos acusadas de negligentes ou mães ruins; que nossas dores sejam acolhidas e que possamos nos dedicar a tudo aquilo que nos brilhe os olhos. Que hoje nos lembremos que juntas podemos construir um mundo melhor para nós e para todas as outras mulheres!
REFERÊNCIAS: COUTO, Aline Guimarães; DITTRICH, Alexandre. Feminismo e análise do comportamento: caminhos para o diálogo. Perspectivas, São Paulo , v. 8, n. 2, p. 147-158, 2017 . Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-35482017000200001&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 04 mar. 2022. http://dx.doi.org/10.18761/PAC.2016.047.
Autora: Vanessa Amarante de Souza, CRP 11/17129. Psicóloga clínica formada pela Universidade Federal do Ceará com experiência de atuação em Análise do Comportamento Aplicada ao Autismo e Terapia de Aceitação e Compromisso.

