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Meu filho vai ter autonomia?
A ideia de autonomia é bem ampla, por isso podemos considerá-la em diferentes contextos. Vemos das situações mais diversas em cada caso, a dificuldade em atividades cotidianas, das mais básicas até as mais complexas, a necessidade de ajuda com a vida escolar ou mesmo acadêmica, as preocupações em lidar com eventos de qualquer natureza, enfim, as possibilidades são muitas e você que está lendo isso agora possivelmente consegue imaginar alguma situação particular em que você tenha ou não autonomia.
Talvez para a maioria de nós, pensar sobre autonomia seja um tanto básico, uma atividade do dia a dia realizada com independência e eficácia por exemplo, pode ser comum para a comunidade típica, todos, em algum grau, dispõe dessa autonomia na vida. Desta forma, é possível que nasça daí a preocupação com a busca de autonomia para indivíduos com um grau maior de dependência, conceber a ideia de viver sempre dependendo de alguém, e em contrapartida, precisar também que esse mesmo alguém se dedique, e esteja sempre ao lado, paciente e cuidadoso nesse processo.
Esse processo, em que o indivíduo busca uma autonomia, mínima que seja, para suas atividades diárias e projetos na vida, requer um grande engajamento de todos os envolvidos, é desafiador! Estamos falando de um processo que envolve pessoas que amamos e suas dificuldades básicas. Contudo, essa experiência é coletiva, é vivenciada em conjunto com outras pessoas, familiares e profissionais. Ao longo da vida de cada um de nós, houveram situações de dificuldades, dificuldades básicas, como amarrar o cadarço do sapato, ou situações mais complexas, como por exemplo mudar de cidade, estamos diariamente exercendo nossa autonomia. Mas o meu filho ou minha filha, vão conquistar essa autonomia?
Amarrar o cadarço do sapato, escovar os dentes, vestir-se sozinho, pedir a comida preferida, escolher o filme que quer assistir, fazer a tarefa escolar, assim como uma infinidade de comportamentos do cotidiano, são aprendidos pelo indivíduo, ou seja, todos nós, com algum grau de ajuda, precisamos de alguém que nos ensine algo. Esse nível de ajuda, esse processo de aprendizagem pode e deve variar de pessoa para pessoa, portanto, é possível sim, passar pelo processo todo, processo esse, que envolve tentativas, frustrações, dificuldades, mais tentativas, para enfim a criança obter sua autonomia.
Todas essas “pequenas” atividades diárias foram, em algum momento, alvo de intensa dedicação pessoal, tanto para quem ensinou como para quem estava aprendendo. O processo de adquirir autonomia não é singular, se espalha por vários aspectos da vida e pode ser visto numa continuidade constante. Começa a partir do nascimento e vai seguindo, conforme o desenvolvimento do indivíduo, alguns com mais e outros com menos dificuldades, sempre considerando que esse individuo precisa dos estímulos e do contexto adequado para que o aprendizado e autonomia aconteçam.
Receber ajuda faz parte do processo de aprender e crescer, para isso, em vários momentos é preciso ter alguém ao lado para dar instrução, construir capacidades para alcançar um objetivo. Claro que em cada experiência tudo pode parecer um “bicho de sete cabeças”, então usam-se estratégias para lidar da melhor forma com cada situação. Esses momentos exigem maior dedicação quanto ao que precisa ser feito, assim desenvolvendo possibilidades e meios para intervir e ensinar, esse processo irá fluir satisfatoriamente. Sem dúvida, é inquietante no início, mas longe de ser impossível, quando se tem as ferramentas certas para conquistar essa autonomia.
Sobre o autor: Pedro Rezende (CRP:11/16462), psicólogo clínico formado pela Universidade de Fortaleza

