Citação de artigos de pesquisas comprovando a eficiência da precocidade e intensidade das intervenções e também que desaprovam metodologias e modelos não comprovados.

A importância de artigos científicos para a comprovação da eficácia das intervenções utilizadas no tratamento do TEA

Apesar do grande número de charlatanismo e falsas promessas de intervenções capazes de curar o autismo, presentes, principalmente, nas redes sociais, não há nada mais eficiente para lidar com o TEA que um tratamento baseado na ciência. Para informações seguras sobre métodos de eficácia comprovada, diversas plataformas oferecem bases de dados online de artigos científicos que discutem e apresentam evidências que validam ou não as diferentes abordagens e técnicas utilizadas.

De acordo com uma revisão de literatura sobre a importância do diagnóstico precoce do autismo para um tratamento mais eficaz, publicada em 2020 e que reuniu dados de quatro bancos de dados científicos, quanto antes o diagnóstico, mais chances há de obter resultados comportamentais significativos. Isso se dá, segundo a pesquisa dos autores, pela maior probabilidade de se intervir durante o período de maior plasticidade neural, o que evitaria futuros prejuízos. Além disso, o artigo aponta que o diagnóstico precoce possibilita uma orientação mais adequada aos pais que contribui para evolução do tratamento já que são eles que passam a maior parte do tempo com a criança. Os autores apresentam diferentes trabalhos que convergem ao afirmar que a precocidade no diagnóstico e na intervenção melhoraram significativamente a comunicação e as habilidades sociais, resultando em evolução no desenvolvimento global.

Além da precocidade, a intensidade das intervenções também são um ponto relevante na produção científica sobre o tema. Uma pesquisa publicada na revista Psicologia: Teoria e Prática em 2019, a qual se propunha a analisar os efeitos de intervenção comportamental intensiva em um contexto de capacitação de cuidadores de crianças com TEA, aponta que a efetividade do trabalho terapêutico está diretamente relacionado a uma quantidade de horas que podem variar de 15 a 40 horas semanais. Além disso, os autores afirmam que as intervenções devem ter duração de pelo menos dois anos consecutivos e estimulando simultaneamente as diferentes áreas afetadas pelo TEA.

No que diz respeito às técnicas utilizadas, os artigos levantados apontam que as terapias comportamentais apresentam grande eficácia, enquanto abordagens como a psicanálise, apesar de ainda serem utilizadas, não possuem dados que apontem validação científica e possuem uma base teórica que pode ser considerada polêmica por apontar um papel etiológico, isto é, como possível origem do TEA o vínculo afetivo mãe-filho, apresentando o conceito de “mãe geladeira” e “mãe suficientemente boa”. O trabalho realizado gera alterações no repertório comportamental da criança, o que leva à ampliação da capacidade de linguagem e à redução de comportamentos indesejados, como as explosões de raiva e impulsividade, o que faz com que a criança apresente um quadro com comportamentos menos restritivos. Dentre as técnicas validadas estão os testes de diferenciação, aprendizagem por repetição, controle e alteração de estímulos e reforçamento positivo, sendo esta última considerada fundamental no tratamento por facilitar a inserção de outras estratégias.

Referências:
BORDIN, J. C. Análise do Comportamento Aplicada ao tratamento de crianças diagnosticadas com autismo: um estudo de sua efetividade. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade Estadual de Maringá. Orientadora Prof.a Dr.a Maria Júlia Lemes. Maringá, 2015.

Gomes, C. G. S.; Souza, D. G.; Silveira, A. D.; Rates, A. C.; Paiva, G. C. C.; Castro, N. P. Efeitos de Intervenção Comportamental Intensiva Realizada por Meio da Capacitação de Cuidadores de Crianças com Autismo. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 35, n. 3523

Reis, S. T., & Lenza, N. (2019). A Importância de um diagnóstico precoce do autismo para um tratamento mais eficaz: uma revisão da literatura. Revista Atenas Higeia, 2(1), 1 - 7. Recuperado de http://atenas.edu.br/revista/index.php/higeia/article/view/19

Autora: Vanessa Amarante de Souza, CRP 11/17129. Psicóloga clínica formada pela Universidade Federal do Ceará, especializanda em Terapia Analítico-Comportamental pelo Núcleo Tríplice, com experiência de atuação em Análise do Comportamento Aplicada ao Autismo e Terapia de Aceitação e Compromisso.

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