O Impacto das Férias Escolares na Terapia ABA para Pessoas com Autismo: Desafios e Estratégias

O Impacto das Férias Escolares na Terapia ABA para Pessoas com Autismo: Desafios e Estratégias

Para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a rotina desempenha um papel fundamental no seu desenvolvimento e bem-estar. Algumas razões pelas quais a rotina é tão importante incluem: previsibilidade e segurança, pois crianças autistas tendem a se sentir mais seguras e confortáveis em ambientes estruturados e previsíveis, e a rotina lhes fornece essa sensação de estabilidade; redução da ansiedade, já que mudanças inesperadas na rotina podem causar muita ansiedade e estresse em autistas, e a rotina ajuda a minimizar esses sentimentos e comportamentos; desenvolvimento de habilidades, pois com a rotina, a criança autista consegue praticar e aprimorar habilidades de forma consistente, levando a um progresso mais efetivo; autorregulação, onde a estrutura da rotina auxilia a criança a desenvolver melhores estratégias de autorregulação de comportamentos e emoções; e generalização de aprendizados, porque quando a rotina é mantida, a criança consegue generalizar mais facilmente as habilidades aprendidas durante a terapia para o dia a dia.

Quando chegam as férias escolares, muitas dessas rotinas são interrompidas, o que pode trazer desafios significativos para as crianças com TEA. A quebra de rotina pode levar à perda de habilidades adquiridas, à regressão de comportamentos adaptativos e à dificuldade de retomada ou manutenção da terapia. Isso pode impactar o desenvolvimento global da criança, tornando o período de férias um desafio não apenas para os pequenos, mas também para suas famílias e terapeutas.

Para minimizar esses impactos, algumas estratégias podem ser adotadas: Manter a estrutura e a consistência da rotina, mesmo durante períodos de mudança, é fundamental. Isso pode incluir horários fixos para atividades diárias, mantendo a criança ocupada e engajada. Preparar a criança antecipadamente para qualquer alteração na rotina também é essencial. Explicar o que vai mudar e por quê, usando calendários visuais ou histórias sociais, pode ajudar a criança a entender e aceitar as mudanças. Envolver a família no estabelecimento e manutenção da rotina é outra estratégia eficaz. A participação ativa dos pais, familiares e amigos pode proporcionar um ambiente mais previsível e seguro para a criança. Trabalhar com a equipe terapêutica para ajustar o plano de intervenção durante as férias também é uma ótima ideia. Isso pode incluir sessões de terapia reduzidas ou atividades terapêuticas que os pais podem conduzir em casa, além de saídas terapêuticas ou aumento da ludicidade das atividades.

As férias escolares, como qualquer mudança significativa na rotina, representam um período de desafios para pessoas com Transtorno do Espectro Autista, o que não quer dizer que não possa ser aproveitado. Com a participação da família e atenção dos profissionais, esse período pode ser aproveitado e tratado como oportunidade de novas descobertas nesse processo.

Autor: André Araújo Rocha, graduado em Psicologia no Centro Universitário Unifametro. Atuante em acompanhamento terapêutico e treinamento de estagiários.