Escrito por Ana Patrícia Freire do Amaral Monteiro e Francisco Edineudo Sousa Ferreira
Poucas coisas são tão fascinantes como estar ao lado de quem a gente ama. Provavelmente você deve ter se sentido assim em relação aos seus pais também, ou ao menos gostaria de assim ter se sentido. Em um mundo cada vez mais tecnológico e prático, a predominância do universo online pode, em alguns momentos, ter atrapalhado a “presença offline” e o contato físico. Estamos cercados por telas quase 24 horas do nosso dia. Conversamos com pessoas distantes (e até próximas) através de aplicativos de mensagem, assistimos filmes e séries em serviços de streamings, participamos de reuniões e palestras virtualmente, compartilhamos sobre a nossa vida em redes sociais.
Neste momento você nos lê através de um smartphone ou um computador. A forma de vermos o mundo e de nos relacionar com ele foi transformado com o contínuo avanço da tecnologia. Podemos nos sentir próximos de alguém distante sem nunca termos nos encontrado em algum momento de nossas vidas. Ainda assim, a relação que construímos com o online é limitada. Muitas vezes até individual e passiva. Você, através do seu aparelho eletrônico, acompanha o que está acontecendo no mundo, e o que ocorre ao seu redor fisicamente - nesses momentos - não é percebido.
Não estamos aqui para defender a abolição do meio virtual ou para condená-lo. Nada disso! O que queremos, considerando tudo isso, é te questionar. Você já imaginou a importância que você tem? O valor que há na sua presença e companhia? De verdade, já imaginou a importância dos pequenos detalhes? Seu abraço, seu olhar, suas palavras e cada um dos pequenos gestos que passam despercebidos no dia-a-dia no contato com seu filho? É possível — e compreensível, dada a rotina frenética na qual vivemos — que você não tenha ainda tido a experiência de apreciar minuciosamente toda a riqueza desses pequenos detalhes.
E como nos sentimos ao viver profundamente esses momentos é significativamente diferente de como nos sentimos ao lembrar desses momentos. Viver consiste em estar presente no fluxo de um dado momento de tal forma que não há espaço para ficarmos pensando sobre ele enquanto o vivemos. Apenas podemos senti-lo. Quando vivenciamos um momento muito precioso para nós, dificilmente ficamos racionalizando aquele instante.
Nos sentimos tão conectados com o momento que a nossa percepção do tempo se modifica. Quem nunca sentiu que o tempo voou quando estava aproveitando algo? Agora, queremos te propor o seguinte exercício, mas antes uma orientação: Leia a primeira parte do exercício, pratique e depois leia a segunda parte, combinado? Então, vamos lá! Pense em um objeto que esteja disponível para ti neste momento.
Agora, feche os olhos. Imagine o objeto escolhido. Visualize cada detalhe minuciosamente. Qual a cor? O formato? Que cheiro tem? A textura? As falhas? O peso? O sabor? Seja detalhista! Pronto? Vamos à segunda parte. Agora pegue o objeto e repita os mesmos passos, mas desta vez experienciando-o com os cincos sentidos. Notou alguma diferença?
Esperamos que sim e também esperamos que, dependendo do objeto, você não tenha experienciado o sabor - por questões de higiene, né?! Por último, lhe convidamos a reproduzir esse exercício com o seu filho: notar, através de todos os seus sentidos, como é estar ao lado do seu filho, comparando o pensamento de viver esse momento com a experiência em si mesma. Garantimos que isso pode surpreendê-lo bastante, e ser muito recompensador. Aceita o convite?
WILLIAMS, Mark; PENMAN, Danny. Atenção plena - mindfulness: como encontrar a paz em um mundo frenético. Rio de Janeiro: Sextante, 2015.
OLAZ, Fabián O.; POLK, Kevin. La Matrix - Manual del Usuario: Entrenando la Flexibilidad Psicológica en tres pasos por medio de la Terapia de Aceptación y Compromiso. Ariel Publisher, 2021.
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